categoria : Cultura
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terça-feira, 21 de agosto de 2018 - 11h

I Bienal da USP | Aqui se faz arte?

Aqui se faz arte? A I Bienal da USP é uma iniciativa estudantil em resposta aos recentes ataques à cultura e uma tentativa de, em três dias, provar que a universidade continua sendo um polo de efervescência cultural. Para isso, entre os dias 4, 5 e 6 de junho, será construída uma programação cultural inteiramente composta de trabalhos dos nossos alunos, seja de artes visuais, teatro, música ou qualquer outra forma de expressão artística.

Você pode participar da Bienal inscrevendo seu trabalho ou de seu grupo até o dia 27/05, ou ainda se disponibilizando a ajudar na organização do projeto através dos formulários abaixo.

Inscrição de trabalhos: bit.ly/InscricoesBienaldaUSP
Ajude na organização: http://bit.ly/AjudeaBienal

Há 50 anos atrás, nosso país vivia um momento intenso de repressão política por parte do Governo Militar, muito marcado pela implantação do Ato Institucional Número 5 (AI-5) no ano de 1968, o qual, dentre tantas medidas, implantou a censura e consolidou definitivamente o Golpe de 1964. Em 2018, nossa conjuntura, apesar das especificidades de cada época, infelizmente não se mostra tão diferente. Vivemos sob um governo ilegítimo e golpista, que tem como objetivo a implantação de reformas que retiram os principais direitos dos cidadãos brasileiros.

Apesar do tão duro contexto, a "flor nasceu do asfalto", como diria Drummond. Mesmo com tanta repressão, 1968 foi um dos anos mais importantes para a arte, tanto no Brasil como no resto do mundo. O ano dos grandes Festivais da Música Brasileira, das peças de protesto, das poesias de resistência, onde artistas como Chico Buarque, Rita Lee, Zé Celso, Caetano Veloso e Gilberto Gil despontavam no cenário nacional, este último inclusive marcando a história da USP com um show em 1973 na Poli em homenagem ao estudante Alexandre Vanucchi Leme, assassinado pela Ditadura naquele mesmo ano.

Hoje, em tempos de volta de uma censura velada, onde museus têm exposições fechadas e artistas são muitas vezes impedidos de se apresentarem em praças públicas, e grandes cortes de investimentos do governo são feitos na área da cultura, também é hora de responder a todos esses acontecimentos de alguma forma. Talvez uma dessas possa ser pela arte, e por meio dela promover o encontro de pessoas e a troca de conhecimentos e vivências dentro do nosso espaço.

Nesse sentido, o ambiente universitário, dentro e fora das salas de aula, também proporciona a produção artística. E uma produção independente, fruto da criatividade e dos anseios de cada um. Uma arte desvinculada dos espaços em que normalmente são apresentados, como museus ou casas de show. Na Universidade, a cultura e a arte transpiram nos corredores, nos auditórios, nos vãos, nas praças. Mas nem sempre essa produção é vista, ouvida ou lida. A Universidade se mostra como um grande campo de provas, onde a arte ecoa nem sempre com uma plateia para aplaudir.

Onde se menos espera a arte, ela aparece. A dimensão do que a Universidade de São Paulo possui não é mensurável. Cursos das mais diferentes áreas, estudantes das mais variadas profissões, se organizam em bandas, grupos de teatro, corais, entre outras diversas formas de produção cultural e artística. Mas nem sempre essas iniciativas dialogam entre si.

Ao passo que o tamanho proporciona uma gama diversa de agremiações culturais, também dificulta o contato entre elas. Um contato que auxiliaria não só na divulgação e na força para reivindicações de interesses comuns, mas também em produções conjuntas cada vez mais diversas e ricas para os estudantes e para a sociedade em geral.

Vamos juntos, em direção à Bienal da USP para mostrar que sim, aqui se faz arte!