topics : Afro, Educação
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quarta-feira, 22 de novembro de 2023 - 18h

Descrição

Este curso baseia-se na necessidade de se pesquisar e entender a complexidade das histórias, ciências, tecnologias e cosmovisões presentes no continente africano. Para tal, no entanto, existe a necessidade de uma sensibilização e também aprofundamento quanto aos métodos e perspectivas: os povos africanos são agentes de sua narrativa e, portanto, devem ser estudados por uma via metodológica que seja condizente com sua ontologia. Faremos uma exposição da Afrocentricidade como método, para então colocá-la em prática por meio da pesquisa do Antigo Kemet (Egito) e proporcionar um fundamento para a prática decolonial em sala de aula, trocando-se o clichê "tudo vem da Grécia", para a postura científica honesta de que todas as coisas possuem diferentes origens, sendo a africana, a origem de muitas coisas.

Conteúdo Programático

Dia 1 - 22/11 - Metodologias e Perspectivas para o estudo e ensino das Áfricas.
A construção de paradigmas epistemológicos - ciência e sua organização - é baseada na ontologia de cada povo, isto é, como ele se considera existente, em sua percepção da própria existência. Desta forma, é crucial este entendimento quando se mesclam perspectivas científicas e espirituais sobre a cultura e legado alheio.
Este primeiro encontro visa entender a metodologia e posicionamento para se estudar de maneira coerente o legado africano, pensando-se que para entender a perspectiva da população africana no mundo, devemos pensá-la como atuante e agente de sua narrativa, que engloba sua própria posição histórica diante de sua história. A negligência com a história africana, ou, por outro lado, o fetiche pelo prazer de seu estudo, são duas facetas da violência, falta de entendimento e tato para com todos estes povos e suas histórias.

Dia 2 - 29/11 - A História do Antigo Kemet como práxis da Afrocentricidade.
Desde as origens do ser humano pelo continente africano, muitas trajetórias científicas, tecnológicas e culturais que foram desenvolvidas neste continente serviram de legado decisivo em como as demais sociedades humanas do mundo inteiro desenvolveriam-se. Em absoluto, as organizações das sociedades africanas são uma raiz primordial no caminhar de todos os povos, e entre as comunicações comerciais e culturais dentro do continente, a região do nordeste africano é como um desaguar desta cultura - uma via de acesso à riqueza filosófica, tecnológica e espiritual deste território.
Este segundo encontro parte pela experimentação de uma aula acerca do Antigo Kemet (Egito), pela perspectiva de Thiago Iaqeb Ahmose (facilitador) como estudioso, ou seja, experimentando a Afrocentricidade como base metodológica para tal. O entendimento é que se dialogue sobre a perspectiva de acesso do "como" estudar este território, tão mal entendido pela academia, mídia e senso comum. Uma organização de sua trajetória desde sua unificação até sua queda.

Dia 3 - 06/12 - A Cosmogonia do Antigo Kemet - Uma espiritualidade negra afrikana.
Existe uma grande lacuna que expressa o entendimento acerca do que significa a ontologia kamitu (egípcia) presente em sua cosmogonia. Até que ponto o faraó é "deus"? Perguntas como essa apenas expressam uma percepção ignorante sobre como o ocidente se encarrega de nomear e limitar a complexa ciência espiritual do antigo Nilo.
Este encontro busca de maneira didática e objetiva apresentar como o culto aos ancestrais presente no Antigo Kemet esta presente no mito, na politica, na semiótica e ética de cada uma destas mulheres e homens negros que habitaram esta terra há tantos séculos atras. A exposição destas interpretações será colocada por meio do estudo do Neteru, isto é, das entidades kamitu pejorativamente chamadas de "deuses egipcios".
O encontro não busca ensinar o sistema devocional, mas seu sentido político simbólico para que o público aprenda a prestigiar e respeitar estes ancestrais.

Dia 4 - 13/12 - Filosofia Escritas do Kemet - Ptahotep, Amenemope e Khunanupu.
O que conhecemos como a filosofia, em sua possibilidade de discernir, entrelaçar, construir tramas e desfazê-los por meio do confrontar das maneiras cômodas de se estabelecer no mundo não é um comportamento inédito advindo da Grécia, como ciência, principalmente aquela presente em nossa educação escolar nos faz acreditar.
Rekhet, Sebait, Heka, Medu Neter, Sesh, Medet são alguns dos conceitos chaves para se compreender que o exercício filosófico é presente em outras sociedades anteriores, concomitantes e posteriores aos helenos do Mediterrâneo - sendo estas palavras, em especial, presentes na sociedade do Antigo Kemet (Egito).
Este último encontro fará o papel sankofiano de retorno às estas origens, investigando alguns dizeres escritos pelos mestres Ptahotep, Amenemope e Khunanupu, diretamente do papiro, em Medu Neter (hieróglifo) para então chegarmos à nossa compreensão.

Referência Bibliográfica

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ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade como Crítica do paradigma hegemônico ocidental introdução a uma ideia. 2016.
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BUDGE, E. A. Wallis. The Egyptian Book of the Dead the book of coming forth by day. New York: Chronicles Books. 1994.
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DIOP, Cheikh Anta. Origem Africana da Civilização mito ou realidade. 1974.
JAMES, George G. M; Legado roubado. 1954.
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OBENGA, Théophile. Egito História Antiga da Filosofia Africana. 2004.
OLIVA, Anderson Ribeiro. Desafricanizar o Egito, embranquecer Cleópatra: silêncios epistêmicos nas leituras eurocêntricas sobre o Egito em manuais escolares de História no PNLD 2018.
SANTANA, Tigana. A cosmologia africana dos bantu kongo por Bunseki Fu Kiau tradução negra, reflexões e diálogos a partir do Brasil. 2019.
SOUZA, Ana Cristina Ferreira de. Nefertiti. Sacerdotisa, Deusa e Faraó. São Paulo: Madras, 2012.
UNESCO. História Geral da África Volume I Metodologia e pré-história da África. 2010
WILLIAMS, Chancellor. A Destruição da Civilização Preta, grandes questões de uma raça, de 4500 a.C. até 2000 d.C; 1974.
WILKINSON, Richard H. The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt. London: Thames & Hudson Ltd. 2003.

Facilitação

Thiago Iaqeb Ahmose

Thiago Iaqeb Ahmose. Pesquisador e educador do Sistema de Escrita (Medu Neter) do Antigo Kemet (nordeste Africano) pela Kasa de Maat. Os estudos acerca desta antiga civilização afrikana estão orientados pela necessidade de busca e incorporação de uma ancestralidade tal como um caminho atravessado pela possibilidade da memória. Escritor, autor de Histórias em Quadrinhos e graduando em Licenciatura em Geografia (IFSP - SP). Foi integrante da equipe curatorial da 13ª Bienal Internacional de Arquitetura com a proposta Travessias. ig @nebu.ahmose

Coordenação

Pedro Cardoso Smith

Thiago Iaqeb Ahmose

Sobre

Público: Pessoas interessadas em geral.

Vagas: 45.

Dias: 22 e 29.de novembro e 06 e 13 de dezembro.

Horário : 18h às 20h.

Local: Microsoft TEAMS (O link será enviado posteriormente aos inscritos na atividade).

Certificado: sim, mediante o mínimo de 75% de participação nos encontros virtuais.


INSCREVER-SE > https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdOo…