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sábado, 12 de novembro de 2022 - 18h

Diálogos Decoloniais: Afrocentricidade e Possibilidades para o Ensino das Ciências e Culturas Africanas (virtual)

Descrição

Este curso embasa-se na necessidade de se pesquisar e entender a complexidade das histórias, ciências, tecnologias e cosmovisões presentes no continente africano. Para tal, no entanto, existe a necessidade de uma sensibilização e também aprofundamento quanto aos métodos e perspectivas: os povos africanos são agentes de sua narrativa e, portanto, devem ser estudados por uma via metodológica que seja condizente com sua ontologia.

Faremos uma exposição da Afrocentricidade como método, para então colocá-la em prática por meio da pesquisa do Antigo Kemet (Egito) e proporcionar um fundamento para a prática decolonial em sala de aula, trocando-se o clichê "tudo vem da Grécia", para a postura científica honesta de que "todas as coisas possuem diferentes origens, sendo a origem de muitas coisas advinda do Continente África".

Conteúdo Programático

1o encontro: Metodologias e Perspectivas para o estudo e ensino das Áfricas.

A construção de paradigmas epistemológicos - ciência e sua organização - é baseada na ontologia de cada povo, isto é, como ele se considera existente, em sua percepção da própria existência. Desta forma, é crucial este entendimento quando se mesclam perspectivas científicas e espirituais sobre a cultura e legado alheio.

Este primeiro encontro visa entender a metodologia e posicionamento para se estudar de maneira coerente o legado africano, pensando-se que para entender a perspectiva da população africana no mundo, devemos pensá-la como atuante e agente de sua narrativa, que engloba sua própria posição histórica diante de sua história. A negligência com a história africana, ou, por outro lado, o fetiche pelo prazer de seu estudo, são duas facetas da violência, falta de entendimento e tato para com todos estes povos e suas histórias.

2o encontro: Nordeste Africano, o Antigo Kemet como práxis da Afrocentricidade.

Desde as origens do ser humano pelo continente africano, muitas trajetórias científicas, tecnológicas e culturais que foram desenvolvidas neste continente serviram de legado decisivo em como as demais sociedades humanas do mundo inteiro desenvolveram-se. Em absoluto, as organizações das sociedades africanas são uma raiz primordial no caminhar de todos os povos, e entre as comunicações comerciais e culturais dentro do continente, a região do nordeste africano é como um desaguar desta cultura - uma via de acesso à riqueza filosófica, tecnológica e espiritual deste território.

Este segundo encontro parte pela experimentação de uma aula acerca do Antigo Kemet (Egito), pela perspectiva de Thiago Iaqeb Ahmose (facilitador) como estudioso, ou seja, experimentando a Afrocentricidade como base metodológica para tal. O entendimento é que se dialogue sobre a perspectiva de acesso do "como" estudar este território, tão mal entendido pela academia, mídia e senso comum.

Referência Bibliográfica

ANI, Marimba. Yurugu, uma crítica africano centrada do pensamento e comportamento cultural europeu. 1994.

SANTANA, Tigana. A cosmologia africana dos bantu kongo por Bunseki Fu Kiau tradução negra, reflexões e diálogos a partir do Brasil. 2019.

ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade como Crítica do paradigma hegemônico ocidental introdução a uma ideia. 2016.

NASCIMENTO, Elisa Larkin. Afrocentricidade uma abordagem epistemológica inovadora. 2009.

BENEDICTO, Ricardo Matheus. Afrocentricidade, Educação e Poder uma crítica afrocêntrica ao eurocentrismo no Pensamento Educacional Brasileiro.

UNESCO. História Geral da África Volume I Metodologia e pré-história da África. 2010

DIOP, Cheikh Anta. Origem Africana da Civilização mito ou realidade. 1974.

CAMARA, Giselle Marques. Maat, o princípio ordenador do cosmo egipcio uma reflexão sobre os princípios encerrados pela deusa no Reino Antigo.

WILLIAMS, Chancellor. A Destruição da Civilização Preta, grandes questões de uma raça, de 4500 a.C. até 2000 d.C; 1974.

OBENGA, Théophile. Egito História Antiga da Filosofia Africana. 2004.

JAMES, George G. M; Legado roubado. 1954.

OLIVA, Anderson Ribeiro. Desafricanizar o Egito, embranquecer Cleópatra: silêncios epistêmicos nas leituras eurocêntricas sobre o Egito em manuais escolares de História no PNLD 2018.

Facilitação

Thiago Iaqeb Ahmose
Pesquisador e educador do Sistema de Escrita (Medu Neter) do Antigo Kemet (nordeste Africano) pela Kasa de Maat. Escritor, autor de Histórias em Quadrinhos e graduando de Licenciatura em Geografia (IFSP - SP). Os estudos de raça não são uma área de expertise, mas uma vivência que trouxe leituras, diálogos e possibilidades pedagógicas, já que para uma pessoa negra no Brasil, falar de raça não é absolutamente um prazer, mas uma questão de sobrevivência. Atualmente é integrante da equipe curatorial da 13ª Bienal Internacional de Arquitetura com a proposta Travessias. ig @nebu.ahmose

Coordenação

Pedro Cardoso Smith

Sobre

Público: Pessoas interessadas em geral.

Vagas: 30.

Dias: 12 e 13 de dezembro de 2022, segunda e terça-feira.

Horário: 18h às 20h.

Local: Plataforma Teams.

Inscrição:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeix…